sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Quando fiz minha primeira faculdade, que ficou incompleta, tinha a professora que falava de Adorno, que pra mim era só um nome bizonho e engraçado, de pouco respeito. Mas fiquei atenta e atônita quando, em sua conversa sobre o autor, ela exibiu "Arquitetura da destruição", documentário sobre a Alemanha nazista. Que horror, pensei, ainda bem que isso de nazismo ficou pra trás. A gente sempre quer se aliviar do peso da realidade mesmo que seja fechando os olhos para ela ou, como diz a sabedoria popular, tapando o sol com a peneira. Eu era menina jovem, recém saída do interior para morar e estudar na capital e pensava, naquele tempo doce, que o auge do que mais tarde descobriria como "mal-estar na civilização", ufa, já havia passado e era, portanto, passado. Como se a humanidade já houvesse atingido o auge da barbárie, que não teria porque se repetir. Sabia de nada, eu, a inocente. 

Tinha também a professora que falava de Benjamin. Ela não falou sobre "escovar a história à contrapelo", sobre isso descobri bem mais tarde, mas ela falava de arte, da "obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica". Uma conversa toda difícil que me fez pensar no quanto, em minha vida, os desenhos animados tinham sido importantes para me aproximar da música clássica. Eu não conseguia entender aquele parlatório todo da aula e, como tudo era festa, não me esforçava para isso. 

Arquitetura da destruição:


O coelho de Sevilha: